O Prometido é devido, cá vai a primeira de duas partes da entrevista concedida pelo Bruno Santos ao Blog oficial do Futsal do FC Oliveira do Hospital.
O nosso obrigado pelo tempo dispensado, bem como por tudo o que tem feito pelo nosso clube.
Aproveitamos igualmente para desejar as maiores felicidades para o campeonato que sábado se inicia, ao comando da nossa equipa senior feminina.
1 - Bruno, de onde nasceu a tua paixão pelo futsal?
A paixão pelo futsal nasceu nos tradicionais torneios de Verão. Na altura não era bem pelo futsal (ou futebol de 5) em si mas sim o gosto de jogar em campo reduzido e estar mais em jogo!Com base numa equipa que disputava torneios de Verão, formámos em Espariz uma equipa que começou a disputar competições oficiais na época 2002/2003. Foi um projecto em que poucos acreditaram mas que fomos cimentando ao longo dos anos com muito espírito de sacrifício. Em simultâneo representei a equipa de futsal do Instituto Politécnico de Coimbra que disputa a liga universitária, competição que nos primeiros anos me surpreendeu pela positiva, tal era a qualidade dos intervenientes. Á medida que os anos foram passando, a paixão pela modalidade foi aumentando.
2 - Jogaste futebol de 11, porquê então o futsal e não o futebol de 11?
Joguei Futebol 11 em todas as camadas jovens, mas no meu último ano de Júnior fui estudar para fora, algo que me impediu de treinar regularmente Futebol 11. Como na época seguinte criámos a equipa de Futsal, integrei o plantel, tendo sido esse o ponto de viragem pois não mais voltei ao Futebol 11. Ainda tive propostas para voltar mas a presença na Liga Universitária marcou‐me pela positiva, uma competição na qual havia futsal de elevada qualidade onde jogavam alguns atletas da 1ª Divisão Nacional.
3 - Tens o nível III de treinador, fala-nos um pouco do teu currículo?
Em termos de currículo, tirei o nível I em 2004 e no ano seguinte o nível II, ambos na AF Viseu.
Em 2008 abriu o curso de nível III, no qual me inscrevi e com alguma surpresa fui aceite pois as vagas são limitadas e a prioridade é dada os treinadores que estão ou já passaram pelos Campeonatos Nacionais.
Não menosprezando o nível I e II, de todos foi o curso mais rico, pois o grupo tinha uma qualidade excepcional. Pessoas excelentes e com muito conhecimento, desde os formadores aos formandos. A troca de experiências e de conhecimento foi fabulosa, tendo sido uma experiência marcante. Além disto e como me considero uma pessoa interessada, sempre que posso frequento palestras e colóquios em Portugal e em Espanha.
Em termos de actividade como treinador, comecei a treinar em 2004/2005… Na altura jogava em espariz tinhamos perdido um colega e amigo devido a acidente de viação. A equipa ficou completamente de rastos, tendo havido algum período de grande instabilidade. O treinador saiu e foi necessário recorrer a alguém para assumir a equipa até ao final da época. Como tinha curso, assumi a equipa sénior, e continuei para o ano seguinte. Nesse mesmo ano ainda fiz uma perninha pelos Infantis.
Após a segunda época em Espariz decidi mudar de ares, tendo surgido uma proposta por parte da Prodeco que me agradou bastante. Mesmo sem experiência a treinar Seniores Femininos, aceitei a nova aventura, tendo também estado com uma equipa de Juvenis. Nos Seniores Femininos lutámos pelo título, tendo a equipa ficado em 2º lugar e sido a defesa menos batida da competição. Após o final da época decidi entrar noutro projecto e surgiu a proposta do Oliveira. Do trabalho efectuado cá penso que não é necessário falar pois está à vista de todos.
4 - O que te levou a aceitar há 2 anos atrás o convite do FCOH para vires treinar a equipa senior Masculina?
Foram várias razões. Uma delas foi o facto de ter vindo ver um jogo em que o Pavilhão estava cheio, tendo‐me deixado uma sensação de que gostaria de colocar aquela gente toda a ver bom futsal.
Outra foi o facto de a equipa ter bastante qualidade, e não fossem os problemas ao nível de emprego que levam os jovens a rumar a outras paragens, essa mesma equipa poderia já estar nas Competições Nacionais, tal como me parecia na altura. Uma outra razão e a mais importante foi o facto o clube estar bem organizado e estarem à frente da secção um grupo de jovens trabalhadores e responsáveis. Ainda uma razão mais sentimental foi o facto de o meu pai ter sido jogador de hóquei do FCOH, algo que me deixou sempre uma ligação a este clube.
5 - Que balanço fazes dessas duas épocas?
O balanço foi extremamente positivo. Na primeira época subimos de divisão, fomos campeões e só me ficou o amargo na boca por termos perdido na final da Taça. Uma época em que melhor era muito difícil, pois vencemos todos os jogos na fase regular do campeonato e, na discussão do título após um empate em casa, fomos a casa do adversário vencer categoricamente. Para a Taça eliminámos o campeão e vice‐campeão da Divisão de Honra. Por este percurso e pela qualidade que demonstrámos foi pena não vencermos a Taça mas aquele não era o nosso dia… Foi uma época em parte facilitada pelo facto de se ter mantido a base do ano anterior. A época passada foi uma época muito diferente da 1ª, muito mais difícil… Um autêntico desafio. Se para uma equipa que sobe de divisão, lutar pela manutenção não é fácil, então o que dizer de uma equipa que sobe de divisão e perde 5 dos atletas mais utilizados. Foi um ano em que tivemos que reconstruir uma equipa, andando‐se a fazer experiências mesmo já com o campeonato em andamento, o que nos valeu uma fase inicial menos boa. Depois de estabilizar‐mos o plantel, fomos uma equipa que lutou por cada jogo, independentemente do adversário. Devido a esse facto ficou‐me novamente o amargo de boca na Taça pois tenho a consciência de que se este ano tivéssemos conseguido chegar à final‐four a Taça seria nossa, independentemente do adversário. Mas em nenhum jogo da Taça tivemos o plantel completo, algo que nos dificultou a nossa própria tarefa e nos fez sair prematuramente. Mesmo assim provámos que se trabalhou bem e vencemos a Taça de Encerramento, uma bofetada para quem no inicio da época nos considerava uma equipa fraquinha e que dificilmente iria pontuar na Divisão de Honra. Tenho que agradecer a época que fizemos aos atletas e todo o staff que nos acompanhou pois nas condições difíceis em que trabalhámos penso que fizemos algo de muito bom. Foi uma época marcante pois não tínhamos experiência de Divisão de Honra, apostámos num modelo de jogo arrojado para quem estava a reconstruir uma equipa e ganhámos a aposta. Ambas as épocas foram boas mas a última, por ter sido muito mais complicada, diria que foi marcante.
6 - Esta época mudaste-te para o comando da equipa feminina? Porquê?
Bem, não se tratou bem de uma mudança directa da equipa masculina para a equipa feminina.
Tratou‐se primeiro de uma mudança para a equipa Júnior do Ervedalense, tendo vindo o comando técnico da equipa Feminina por acréscimo. Após a garantia da manutenção no final da época passada começámos a trabalhar para o futuro da equipa e também do futsal no concelho. Na altura, havia uma proposta do Ervedalense para que assumisse a equipa Júnior, de modo a garantir a implementação de um modelo de jogo que permita aos atletas que vinham dos Juvenis continuarem a sua formação. Como nunca tinha treinado Juniores e como para ter um conhecimento mais profundo do futsal distrital e do desenvolvimento dos atletas me era importante treinar esse escalão, chegámos à conclusão que seria o timing certo para se fazer esta mudança, isto porque o Carlos Rocha após 2 anos a trabalhar comigo está já por dentro dos mesmos princípios e sem qualquer dificuldade poderia dar continuidade ao trabalho que tinha sido feito nos seniores até então.
A hipótese de treinar a equipa Feminina surgiu apenas depois de se decidir se a equipa iria ter continuidade pois devido a problemas financeiros esteve em via de ser suprimida. Como a secção decidiu, e bem, manter a equipa, disponibilizei‐me para as treinar pois os treinos coincidem em termos de dias e pavilhão com os Juniores, algo que facilita bastante. É assim uma forma de continuar a ajudar este clube, ao qual devo muitos bons momentos.
(continua amanhã)
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